Sinto o mundo à minha volta avançar. Vejo as pessoas à minha volta avançarem. Vejo o amor, o carinho a crescer. Vejo tudo a mudar, menos eu. Fico parada neste quarto preenchido do passado e, esqueço-me que tenho um futuro à minha frente. Esqueço-me que tenho pessoas para amar e lágrimas para derramar. Esqueço-me que estou presa em momentos que já mais se irão repetir.
Todos os dias os meus olhos enchem-se de lágrimas. Todos os dias me arrependo do erro que cometi. Todos os dias me esqueço que o que é importante é o futuro, e não o passado. Porque é que fiquei assim? Porque é que me tornei numa escrava das minhas própria memórias? Já passou quase um ano, mas parece que foi ontem. Parece que foi ontem que destruí a minha vida. Não fiz nada de mal, mas para mim foi como me matar. Perdi a minha alma. Tudo parece inútil e sempre a mesma coisa. Já não fico surpreendida, nem encantada com nada. Toda a gente me vê como aquela rapariga alegre e até um pouco estúpida, mas no fundo eu não sou assim. É só uma mascara entre tantas, para esconder que ainda estou magoada. Para esconder o meu fascínio corrompido pelo mundo.
Eu não posso falar no assunto, mas eu também não consigo esquecer. É como uma âncora que me prende a este sitio. Não consigo avançar. Não consigo esquecer. Todos os dias me levanto a pensar que vai ser um novo dia.
Mas não é. Não consigo valorizar mais as coisas boas, pois todas acabam. Tudo que me é dado, também me tiram. É como se não houvesse nada que me incentivasse a continuar, avançar. Não vale a pena arriscar, se o motivo mais tarde ou mais cedo irá desaparecer.
Enquanto isso, fico aqui parada a olhar para o mundo a girar. Tudo mexe, tudo avança. Menos eu, presa nestas quatro paredes, forradas de imagens do passado. Dizem que a vida têm três fases: passado, presente e futuro. Mas neste momento a minha só tem passado. O meu futuro é vazio como eu. E o meu presente está preso no passado. Nada me vai fazer avançar, eu sei. No entanto, às vezes gosto de sonhar. Gosto de pensar que um dia irei avançar e esquecer tudo isto. Mas não consigo, pelo menos não agora. Não enquanto não descobrir uma coisa que não acabe. Enquanto não descobrir uma razão que me leve arrancar esta corrente no meu pé.
Até lá, tenho que ficar aqui.
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