Houve dias em que pensei já não gostar de ti. Esqueci-me do que gostavas, ao que cheiravas, e das quinhentas expressões que a tua cara fazia quando passavas por mim em algum lado. Eu conhecia-te melhor que ninguém, e foram muitos os dias em que precisava de passar desesperadamente por ti porque já não me lembrava ao que cheiravas, em que via fotos tuas para me lembrar do quanto adorava os teus olhos, em que fechava os olhos e obrigava-me a lembrar do teu sorriso. Chorava quando não me lembrava, era como se uma parte de mim fosse embora e não voltasse mais, doía. Doía o facto de não conseguir recordar os momentos que tivemos juntos, a tua voz, o teu distante mas perto olhar, o teu cheiro, como era o teu toque. Não queria cair no erro comum da vida de um dia vir a odiar alguém que tanto amei. E até hoje, ainda faço exatamente as mesmas coisas, a diferença é que já não te tenho. Mas peço desculpa. Por todos os insultos que te gritava quando discutíamos, por todas as vezes que tentei fugir de ti, de nunca ter conseguido dizer-te o que sentia, de ter evitado certos assuntos, certas palavras, de não ter lutado por ti quando tu tanto lutaste. Admito, achei que te tinha. E talvez esse tenha sido o meu maior erro. Porque agora, aqui estou eu, a escrever com esperanças que algum dia leias isto, sem te ter ao meu lado, sem ter a única pessoa que amei de verdade. Talvez um dia vejas o quanto te amo, o quanto te amei e entendas o quanto arrependida estou porque quando a praia se esquecer do mar, e o mar desistir das ondas, eu vou-te esquecer.
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