Repito várias vezes o momento na cabeça, acrescento, retiro, e divago sobre o que poderá acontecer. Pondero o sítio, o momento e a probabilidade. Mas a questão fundamental no meio de todos as minhas perguntas é: Quando é que os nossos olhares se irão cruzar novamente? Invisto neste assunto e pondero imensos cenários, um deles, que se calhar é o mais provável, que é o de não nos vermos outra vez. É algo que tenho de aceitar. Somos de vidas diferentes, e mesmo que tomemos decisões em comum, podemos nunca nos voltar a ver. Até podemos estar no mesmo café, exactamente à mesma hora, mas eu levanto-me para ir à casa de banho e nesse momento vais ao balcão, compras um bebida e vais-te embora. Nunca saberei que lá estiveste, nunca saberei o quanto próxima estive de voltar a olhar nos teus olhos âmbar. Mas também podia acontecer a casa de banho estar ocupada, voltar para a mesa e esbarrar contra ti. E, mesmo aí, o destino não é assim realmente tão óbvio! Podias estar demasiado distraído, e eu também, com a cabeça noutro sítio, pedir desculpa e avançar para o meu grupo de amigos, sem reparar em ti. Ou então, podíamos ficar ali parados e do nada uma rapariga saltar nas tuas costas e tu dizeres-me que é a tua namorada. Entraria em choque e nada de jeito sairia da minha boca, eu conheço-me. Talvez na altura nem me afecte tanto, talvez na altura até fique feliz por ti, por teres encontrado alguém que te preencha o coração como nunca fiz.
No entanto, também pode acontecer daqui a muitos anos, cruzarmos-nos e reconhecer-nos. Trocar umas palavras por mera simpatia e depois avançar a nossa vida completamente oposta. Contudo, também pode não acontecer nada disso. Podes decidir voltar a falar comigo, algo que sei que não vou negar. Podemos ver que não temos mais nada em comum e afastar-nos, por ser tudo demasiado estranho. Ou então, podemos virar amigos, partilhar pequenas partes da nossa vida. Assim, chego à conclusão que isto é tudo uma bola de neve, que consoante o momento certo ou não, vai arrastando a minha vida com ela. Quando estava contigo, sabia em parte que isso iria fazer parte do meu quotidiano. Agora já não. Já perdi amizades que me pareciam eternas, já deixei de frequentar sítios que eram como a minha segunda casa, e agora perdi-te a ti. Ou seja, neste momento acho que tudo pode acontecer. Como apareceres à porta da minha casa, ou encontrar-te em sítios que nunca imaginarei ou na pior das hipóteses é nunca mais te ver, e simplesmente restarem as memórias que se vão apagando. Mas apesar disso tudo, pela primeira vez em anos consigo dizer que acredito no impossível, mesmo com todo este nevoeiro assustador diante de mim. Acredito em mim, e sei que não vale a pena estar a divagar, o que acontecer eu aceitarei. Conscientemente entrego todo o meu corpo à bela corrente da vida, e tudo graças à nossa separação. Obrigada.
Sem comentários:
Enviar um comentário