20 novembro, 2016

Descobertas...

O tempo passa, amei-te como nunca voltarei a amar ninguém, com a minha falta de maturidade, com as hormonas as saltos e com um sorriso patético e lágrimas no rosto. Lembro-me de ti nas conversas de café e numa fotografia que guardo numa gaveta que ninguém mexe para não vir o passado ao de cima de novo. Já chegaram os mais de 365 dias que te amei para andar agora a reviver-te em pequenas partes da pessoa que sou sem ti, uma pessoa nova e sã. Amar-te destruía a minha sanidade e a necessidade que tive durante meses de esquecer-te, enlouqueceu-me ao ponto de ainda hoje chorar quando recordo. Conheci muitas pessoas, histórias de vida e olho para o mundo de forma diferente e bem lá no fundo gostava que ainda aqui estivesses, como ouvinte para te contar tudo aquilo que acredito agora. Não sei bem o que te diria, deixei de encenar discursos desde há muito mas imagino a tua cara de surpreendido por tudo que me tornei. Estou mais forte e mais fraca simultaneamente, não sei como te explicar nem explicar a ninguém o que sinto. Sei que odeias as palavras, as estrofes, tudo o que nos faz renascer tanto tempo depois mas a beleza disso é tão bonita, é metafórica e eterna.
Nunca conseguimos acabar com tudo, tínhamos a aptidão auto-destrutiva de reatarmos, de nos beijarmos e nos contactarmos mesmo que não me amasses, como tu afirmavas. O mundo ofereceu-nos a vantagem de largarmos tudo, deixarmos cair por terra memórias e possibilidades de recomeço e nós agarrámos-la, tal como nos devíamos ter agarrado no dia em que, em lágrimas, dizíamos que não havia modo algum de estarmos lado a lado. Apaixonámos-nos, talvez não tão perdidamente, porque ambos temos cicatrizes tão profundas que nos assustam quando pensamos em relacionamentos.
Deixámos de gostar de amar mas amámos outras pessoas, beijámos corpos na procura do que já não podíamos ter juntos e gritámos em plenos pulmões o ódio que há entre nós. Odeio-te por teres feito o que me fizeste e por teres deixado de querer o mesmo que eu - tu também me odeias por isso.
Depois de tudo isto vem as comparações, a necessidade que o nosso cérebro tem de nos dizer que fomos melhor que aquilo que temos com alguém ou que o que temos actualmente tem uma valorização maior do que algo que alguma vez tivemos. Tento resistir às tuas passagens ocasionais quando penso no que sinto mas tu sempre apareces. Acredito, que foste o amor da minha vida até agora mas que provavelmente não o serás para sempre, assim como agora já não és o homem que mais amei. Marcaste-me mais com as recaídas, pelo amor desvalorizado, pelo tempo que não tivemos mas que devíamos ter tido, pelos desgostos e desilusão. Agora só nos resta que o tempo passe, que as canetas se cansem de ti e que o título que a ti te dou, alguém te tire por boas razões, agora apenas basta andar de cabeça erguida, de mão dada com o melhor presente que o presente me poderia ter oferecido, ele que não te conhece mas te inveja, ele que não sabe o teu nome de cor mas beija a pele que um dia deixaste de amar.
Sei que te achas o herói da história, o que sagra a vitória com louros mas a vitória está em mim, por me ter levantado infinitamente, por ter sabido sair a tempo de camas de que não amava e por ter a certeza que te tinha deixado de amar.
Chegará o tempo de assinar o meu nome mas eu sei, que nesta altura já saberás quem escreveu e por isso sorrio e tu te enervas, pela impossibilidade de absolvermos o passado que tivemos, os pontos que conhecemos um do outro e tudo aquilo que partilhámos. Aqui vai este texto, não para ti que sabes o meu nome mas para os outros todos que não sabem o teu.

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