14 maio, 2015
Já tentei inúmeras vezes apagar-te de mim, mas dá-me sempre uma vontade enorme de te escrever, delinear que contigo foi (quase) perfeito, e eu quis acabar com isso. Acabar com o pouco que tinha, o pouco que nos pertencia. Talvez já fosse demasiado tarde para admitir que o erro se encontrava no inicio, mas ninguém quis mudar, não nos condeno. Eu procurei-te em todas as esquinas da vida, eu tentei seguir teu cheiro. Desde aquele dia o teu coração fechou-se comigo, não quiseste mais saber por onde o meu corpo vagueava, por quem a minha alma procurava, por quem eu corria atrás, os poucos motivos que me faziam sorrir em tempo de tempestade, apenas não quiseste saber. Condeno-me por todos os erros que cometi e não soube admitir, por não saber parar de errar, por não acreditar no que dizias, por pedir sempre mais porque o que tinha achava demasiado escasso, eu condeno e sabes porque? Fui ensinada a não largar o que me fazia feliz. Eu larguei-te.
06 maio, 2015
Nunca fui tua. Nem nunca foste meu. Rótulos estragam tudo antes de esse 'tudo' ser algo. Vivemos juntos o mundo. Percorremos caminhos difíceis e sobrevivemos. Nunca te disse que te amava nem nunca te ouvi a dizer 'amo-te'. Vivemos um dia de cada vez. Não havia discussões. O futuro parecia inexistente. Viver era fácil contigo. Nunca soube o que te nomear, não passaste de um amigo mas foste mais do que isso. Fizeste-me crescer enquanto te a via a crescer. Éramos jovens e felizes. O mundo era nosso e o universo também. Se me perguntassem a que amor eu voltava de novo eu diria o teu nome. Nunca te chamei de amor mas no fundo eu sei que tu sabes que o foste. Voltaria para ti sem dor. Para além de tudo, foste o melhor amigo de sempre. Contigo, sujei as calças com lama, o cabelo com tinta e a barriga doía com gargalhadas. Fomos o melhor casal que alguma vez conheci e nem fomos realmente um. Nunca chegámos a assumir o que sentíamos e, de certo modo, acredito que foi a melhor decisão que tomámos. Conheceste-me como poucos me conhecem. Lembro-me de cantar no carro e de estar sol em qualquer estação.
Se hoje te visse e te pudesse sentir de novo acho que, mesmo sabendo, não conseguiria nomear-te o grande amor da minha vida pois catalogar-te tirar-te-ia a essência que sempre quiseste ter. Foste uma paixão de verão de várias estações. És o único que poderá dizer que me viu a cantar no chuveiro aos altos berros, que comeu pipocas no meio da estrada à noite a meu lado e que mostrou um mundo que eu não conhecia.
Fui tão feliz sentada na bancada da tua cozinha a ver-te atarefado com o pequeno almoço. Fui tão feliz com as tuas meias até ao joelho nas minhas pernas. Amei-te em cada pedaço de segundo onde pude ver-te perante os meus olhos. Fui tão feliz com o teu perfume entranhado no meu cabelo e com as tuas olheiras perfeitas. Fui tão feliz com as tuas camisolas por cima das minhas e com o meu cabelo despenteado com necessidade de um banho quente. Queríamos sempre mais de nós até ao dia que, de repente, tudo parou. Fui tão feliz no silêncio da casa vazia enquanto toda a gente dormia e nós procurávamos comida mesmo que acabássemos sempre com um pacote de bolachas. A simplicidade nunca me fez tão feliz e amar alguém nunca foi tão simples como era amar-te.
Fui tão feliz com a minha boca seca mas feliz, acompanhada por um sorriso incapaz de desaparecer. Fui tão feliz quando nos olhávamos e sorriamos sem uma razão aparente enquanto o teu cão espreitava pela janela a pedir migalhas e a invejar um amor que ele era capaz de sentir através até do faro. Fui tão feliz com o sol a bater nas janelas, encostada ao armário das taças de cereais que enchíamos e partilhávamos. Nunca um pequeno almoço me soube como aqueles que partilhava contigo. Fui tão feliz contigo meu amor, na tua casa, nas manhãs depois de noites onde ficávamos acordados. Amei-te tanto e fui tão feliz por isso, por ter a oportunidade de ter quem eu amava. Fui tão feliz. Obrigada, pelas manhãs, pelas noites e por tudo.
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