25 setembro, 2017

Achei que tinhas ido, de vez. Mas não. Continuas aqui a massacrar, a olhar para mim quando tenho, inesperados, encontros contigo - seja na rua, no café, na passadeira, num parque - que me deixam a pensar em ti e no que eras para mim. Ainda te lembras como lembravas de tudo? Ainda choras como choravas? Ainda pensas como pensavas? Ainda sorris como sorrias? Eras tanto na minha vida mas éramos tão diferentes, só reparei quando chegou o fim. Não me quiseste na tua vida e eu aceitei isso, aceitei que não era para ti, que não era suficiente mas acho que tu é que nunca foste o que merecia. Mas,agora mesmo que quisesses tudo de volta já não dá, porque quem fui eu tempos já não existe. Por isso, deixa esses olhares, esses sorrisos, esses 'likes' porque já não quero mais pensar em ti.
Os teus pequenos gestos só foram notados depois de acabarmos a relação - aquele like que era habitual, tornou-se num gesto simpático, aquele "olá" tornou-se em respeito e aquele abraço tornou-se num "quero mas não posso". A tua despedida fez-me sentir-te em pleno, amar-te em cada milímetro... o adeus tornou-te gracioso. Depois de me deixares, os teus lábios tornaram-se mais irresistíveis e o teu corpo mais avassalador - tu cresceste em todas as formas - e tornaste-te no homem que eu sabia que ia amar para sempre. O teu desaparecimento fez-me procurar-te como se não conseguisse viver sem ti, como se a minha vida fosse só tu. Amei-te mais depois de te perder do que antes. Quando penso na nossa ruína, o meu peito enche-se de orgulho por ter vivido dias de seguida a teu lado, guardei as memórias num local intacto e irremovível da minha alma. Tornei-te mais meu do que nunca. Chorei pelo amor que estava a criar dentro de mim, um sentimento tão voraz que me ia condenar durante anos. Angustiei-me por te ter feito meu quando já não o eras. No momento em que te despediste, os teus passos soaram mais firmes, o teu pulso mais forte, os teus olhos ostentavam uma segurança e sedução que nunca tinha sentido. Chorei-te em lágrimas infinitas, gritei-te em palavras densas e amei-te como fosses o único que já tinha amado. Quem me viu, ouviu e me abraçou, não entendia como poderia eu estar a sofrer tanto assim mas mal eles sabiam que o meu amor por ti tinha evoluído com tempo, aquele que passávamos separados. Foste o meu maior amor, a minha maior paixão, o meu maior caso, a minha maior aventura, o meu maior romance quando já não pertencias à minha vida. Amei-te como se ainda me amasses e como se fossemos ficar juntos para sempre. Vi o que antes não tinha visto, depois de teres terminado comigo. Aumentaste em todos os teus aspectos depois do nosso último beijo. Na altura que devias passar a nada, tornaste-te no mais-que-tudo. E tu, que viste-me a chorar como louca, a tremer como doida e a suplicar-te como uma alucinada, devias perguntar-te como nunca reparaste que havia tanto amor por ti dentro de mim mas, meu amor, eu explico-te: o meu amor intensificou-se e aumentou a partir do dia em que me deixaste. Mas hoje, o tempo levou e eu, esbocei o maior sorriso dos últimos tempos.
Ser uma mulher é diferente de ser uma senhora, é o que ouvimos nas conversas de cafés, nos sermões ou nos olhares que enfrentamos por vezes na rua de pessoas que não gostam assim tanto de nós. Nós conhecemos-nos a nós mesmos melhores que ninguém. E a lenga-lenga de existir alguém que nos conhece melhor do que nós próprios, é treta. Só nós sabemos quando estamos a omitir alguma coisa e com o sorriso mais confiante do mundo e a postura mais bonita que possa existir, afirmamos algo que não é verdade. Fica connosco. Nós mulheres todos os dias respiramos fundo antes de calçar os nossos sapatos, porque há coisas da nossa rotina que só nós sabemos. Em todo o lado uma mulher que fala demais, não se deixa ficar, fala mais alto que o namorado ou tem tanta expressividade como este, passa rapidamente para uma puta.

01 setembro, 2017

Quando vens e chegas de mansinho, como quem não quer nada, é onde mora o perigo. Eu sei que os teus braços vão acabar por ficar enrolados aos meus. Sei qual é o gosto da tua pele macia quando eu passo a língua no pescoço, e tu arrepias por inteiro. Sei que vamos acabar por nos envolver e, como de costume, vou acabar por apanhar os cacos sozinha. Não quero mais. Para mim já deu.
Como um viciado que pára de usar a droga de uma hora para outra, vai fazer falta. Falta do teu sorriso, do cheiro e do beijo. Das palhaçadas que nem tinham tanta graça, que riamos para aumentar o teu ego. Vou sentir falta do arrepio na espinha todas as vezes que eu te via em alguma festa. Mas vou sair viva disto tudo, vai ser difícil no começo. quando começar a pensar em ligar-te e vomitar horrores. Mas como eu disse, o teu amor é droga e já chega desta droga.


Quem me dera escrever os vossos nomes, aqueles que amei e aqueles que usei para esquecer quem amei. Se eu pudesse mostrar quem vocês são, tão diferentes uns dos outros. Quem me dera escrever o nome do meu primeiro amor como título em letra maiúscula e dizer-lhe que o amo para sempre. Quem me dera puder dizer que sexo é bom sem amor porque o fiz. Quem me dera escrever, para quem lê, o nome do homem com quem partilhei a relação mais longa. Quem me dera dizer, em fórmula de desculpa, o nome de todos aqueles que beijei a pensar que me poderiam fazer esquecer outra pessoa. Quem me dera não ter de usar nomes fictícios, histórias modificadas e expressões irónicas. Mas, eu que escrevo com modificações para não afectar a vida de quem já viveu a acompanhar os meus passos.
   As minhas palavras são passadas a pente fino para não conseguirem entender de quem se trata ou se, realmente, se refere a alguém. A todos os amores, homens que já me tocaram, se um dia pensarem que aquele texto é sobre vocês, estejam em paz ou perdoem-me pois eu já não escrevo sobre mim nem sobre vocês.