"(...) Como uma puta de uma desesperada aqui continuo, à espera de que venhas, à espera de que digas “amo-te”, à espera de que digas ”amo-te e sempre te amei e vou amar-te para sempre”. Mas a única coisa que é para sempre é o que acaba. Acabou-se e é para sempre. Para sempre sem o sabor do teu beijo outra vez, para sempre sem o “estou-me a vir” do teu toque outra vez. O que nunca acaba é amar-te assim. Quantos homens serão necessários para me esquecer do teu abraço? Sou uma mulher desejável. Sei que sim. Sei que os homens passam e olham, e eu passo e eles olham, e que nunca o meu corpo restará só, sem a presença de corpos para conhecer. Mas nenhum corpo cancela o teu, nenhum cheiro me impede da memória do teu, braços nenhuns me apertam com a forma do teu abraço. O que mais me custa é saber que exististe. E que depois de te querer assim o que me resta é ser querida. Resta-me encontrar o que mais me ama depois de ter perdido quem amo. Até a tua morte me faria bem. Perdoa-me o egoísmo mas às vezes sonho que morres e me libertas da esperança. Enquanto estiveres vivo vou acreditar. Por mais que não acredite, por mais que saiba que não existe o que esperei que existisse. Tenho-me nojo de te precisar assim. Tenho vergonha de te precisar assim. E basta um “anda” teu para todos os lugares fazerem sentido. Posso dar usufruto a outros mas sou tua propriedade inalienável. Quem me quiser tem de o saber. Quem me quiser tem de estar pronto a perder-me como eu estou pronta a ganhar-te. Sou de quem me quiser mais até que tu me queiras nem que apenas um bocadinho. Nada é mais injusto de que amar assim. E no entanto nada é tão belo como amar assim. Seríamos perfeitos se me quisesses um terço do que te quero, se me desejasses um quinto do que te desejo."
Pedro Chagas Freitas
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