29 março, 2016

Obrigada por teres dito "não"....

É estranho… O teu aniversário está à porta e, pela primeira vez, não sinto aquela ânsia de te querer ver. Sim… ainda faltam uns dias e sim muita coisa podia mudar em dias, mas não é este o caso. Tu querias que eu matasse aquilo que sentia por ti e eu não consegui, mas tu fizeste o favor de matar esse sentimento por mim. Na altura, sofri. Confesso que não sei se sofri por estares a matar-nos de vez, ou por ter medo do desconhecido, do que haveria “depois de ti”. Há um ano atrás eu estava completamente rendida a ti, por muito que me tentassem puxar e que me tentassem conquistar. Ninguém conseguiu. Eu estava apaixonada. Tão apaixonada, que te ofereci uma prenda, e tu, tal como no Natal, aceitaste… Há um ano atrás eu acreditava que era possível e que eras o homem da minha vida. Hoje, um ano depois, felizmente, aprendi que não és, nem nunca foste o homem da minha vida… Foste apenas alguém que eu amei e que não me amou. Foste alguém por quem baixei todas as barreiras e o orgulho, mesmo vendo que tu não o fazias. Foste alguém… Apenas alguém que passou pela minha vida. Estamos a, talvez, três semanas do teu aniversário… Este ano não tenho nada para te dizer. Sim, podia ser adulta o suficiente para te dizer Parabéns, até porque me disseste, numa das ultimas vezes, que eu devia crescer, mas lamento desapontar-te, pois não posso ser adulta com quem se comporta como criança. Há um ano atrás dei-te os parabéns e achava que eras o homem da minha vida. Hoje, um ano depois, apenas te posso agradecer por tudo o que ganhei sem ti.Não te dou os “parabéns”. É estranho não te conseguir dizer isso… Mas, digo-te “obrigado”. E acredita, é bem mais do que merecias que te dissesse. Obrigada, valeu tanto teres dito “não”.
Um ambiente frio e depressivo encerra-se sobre o meu espírito. A chuva que cai escorre pela janela em silêncio, e os meus olhos, vidrados no lento movimento de cada gota, ardem de sofrimento. Sinto claramente no peito o meu pensamento. Projectam-se na minha mente macabros tormentos que não são mais que o reflexo da minha realidade. Pressinto o evaporar do meu juízo, deixando-me oca e vazia, pronta para enlouquecer. Vou baloiçando para a frente e para trás, perturbada com o meu desgosto. Pesa-me em cada parte do meu corpo o amargo desprezo por esta gente que vagueia neste mundo. O meu estômago revolta-se perante tanto cinismo e hipocrisia, causando-me dolorosas náuseas. Já não tenho a paciência de outrora e a minha esperança desvaneceu-se. Perdi a razão e isolei-me de tudo, apenas resta eu e este abismo que se estende do outro lado deste vidro encharcado pela chuva.

15 março, 2016

Excertos


"(...) Como uma puta de uma desesperada aqui continuo, à espera de que venhas, à espera de que digas “amo-te”, à espera de que digas ”amo-te e sempre te amei e vou amar-te para sempre”. Mas a única coisa que é para sempre é o que acaba. Acabou-se e é para sempre. Para sempre sem o sabor do teu beijo outra vez, para sempre sem o “estou-me a vir” do teu toque outra vez. O que nunca acaba é amar-te assim. Quantos homens serão necessários para me esquecer do teu abraço? Sou uma mulher desejável. Sei que sim. Sei que os homens passam e olham, e eu passo e eles olham, e que nunca o meu corpo restará só, sem a presença de corpos para conhecer. Mas nenhum corpo cancela o teu, nenhum cheiro me impede da memória do teu, braços nenhuns me apertam com a forma do teu abraço. O que mais me custa é saber que exististe. E que depois de te querer assim o que me resta é ser querida. Resta-me encontrar o que mais me ama depois de ter perdido quem amo. Até a tua morte me faria bem. Perdoa-me o egoísmo mas às vezes sonho que morres e me libertas da esperança. Enquanto estiveres vivo vou acreditar. Por mais que não acredite, por mais que saiba que não existe o que esperei que existisse. Tenho-me nojo de te precisar assim. Tenho vergonha de te precisar assim. E basta um “anda” teu para todos os lugares fazerem sentido. Posso dar usufruto a outros mas sou tua propriedade inalienável. Quem me quiser tem de o saber. Quem me quiser tem de estar pronto a perder-me como eu estou pronta a ganhar-te. Sou de quem me quiser mais até que tu me queiras nem que apenas um bocadinho. Nada é mais injusto de que amar assim. E no entanto nada é tão belo como amar assim. Seríamos perfeitos se me quisesses um terço do que te quero, se me desejasses um quinto do que te desejo."
Pedro Chagas Freitas

Excertos


"(...) Amei-te para sempre mesmo que já não te ame. E quando chegou o dia da despedida eu soube que tinha chegado o dia de para sempre. 
O drama de amar é não admitir a morte. (...) Despedi-me de orgasmos quando me despedi de ti. Já me deitei com tantas e é sempre o teu boa-noite que me adormece. O drama de amar é só criar réplicas. Tudo o que amo és tu. Uma boca, uma pele, um sexo. Tudo o que amo és tu. E não há mais perfeito oximoro do que «amor novo». Só o teu amor é novo. E não existe sucessão quando se reina assim. Amar-te é uma monarquia fascista, uma ditadura dentro de mim. O que vem depois de ti só vem depois de ti. Sempre depois de ti. A toda a hora depois de ti. O que vem depois de ti só vem depois de mim, e onde eu estou ou estou sozinho à tua espera ou estou sozinho contigo. Se existe amor é porque existes tu.
O drama de amar é amar-te."
in "Prometo Falhar", a mais recente obra de Pedro Chagas Freitas.

13 março, 2016

O meu problema é eu não querer um homem qualquer. Seria tudo tão mais fácil se eu apenas procurasse tapar a solidão. A vida seria mais fácil se eu não procurasse o meu amor verdadeiro, aquele que pouco vejo nas ruas mas que li em livros. O meu grande problema é acreditar no amor, acreditar que haverá um dia em que tudo será fácil. Aliás, nem vejo o porquê de existirmos se não for para amar alguém até ao último segundo. Eu sei, tenho a certeza, que o amor da minha vida anda por aí, enquanto eu caio e me levanto para continuar à sua procura. O meu grande amor tem de acabar nos meus braços, tem de haver uma razão para eu não ter de ficar com todos aqueles que já amei, tem de existir um amor que acabará por ensinar que o que senti, não foi nada em comparação ao que sentirei. Acredito em almas gémeas, em corações que nasceram para morrerem juntos e mãos que se encaixam perfeitamente. Nós andamos presos a amores-mais-ou-menos até ao dia que chegará o nosso grande amor, que dará sentido a tudo, até às quedas, aos choros, lágrimas e às partidas daqueles que um dia estiveram nas nossas vidas. O amor das nossas vidas trará as repostas sem saber as perguntas

Ando cansada. Cansada de pensar, de ouvir as futilidades dos outros, de fingir que tudo estás bem quando na verdade tenho o mundo a desabar em cima de mim. Talvez seja um exagero da minha parte mas é como me sinto realmente neste preciso momento. Sinto uma enorme pressão nos olhos e um aperto no coração como se ele quisesse saltar para fora e fugir, fugir para bem longe de tudo. As lágrimas querem cair, querem escorrer rios infindáveis no meu rosto e inundar-me ainda mais do que já estou, mas eu mantenho-me sempre firme e quando alguma surge limpo-a com a manga da camisola. Tenho o coração um caco, de novo, e não vejo maneira de tirar estes demónios que tenho dentro de mim e que me atormentam de dia para dia.
A filosofia é idêntica ao amor, pois, embora séria, não se justifica. Não capta palavras, orienta-as. Não anota sentimentos, grava-os para, um dia mais tarde, recordar. A filosofia é idêntica ao amor, pois são ambos feitos do desconhecido, da incógnita e do oculto. São matérias terrivelmente inseparáveis e indivisíveis. A filosofia é idêntica ao amor, pois interpreta almas e representa corações.

07 março, 2016

Não sei mas estou bem

Na cama que o teu corpo já desejou procuro certezas daquilo que nunca aconteceu, a constância do desejo, a verdade do sentimento, a segurança da entrega. Procuro um “nós” que nunca existiu mas que teimávamos em evocar, um “nós” que surgia em todas as conversas sobre planos que, pelos vistos, não passaram disso mesmo, planos. Não sei se suporto que partas sem realizar cada um dos meus desejos, sem matares esta vontade que me consome a cada segundo da tua presença, ou se simplesmente não quero que isso aconteça, por orgulho ou teimosia. A verdade é que não és único como te faço parecer mas és o único que quero que pense assim, porquê? Não sei, mas também ninguém me ensinou como funcionava o amor.
Sentia as tuas mãos que me aconchegavam o rosto numa tão delicada ternura, enquanto os teus lábios envolviam os meus num suave e profundo beijo. Desejei que o tempo congelasse e que pudéssemos permanecer ali eternamente, que pudesses continuar a segurar-me com todo aquele prazer. Senti a tua mão escorregar pelo meu corpo, contornando as minhas costas, procurando o fundo da minha camisola. Tímido e trémulo toque que me ia arrepiando. O teu calor envolvia-me, protegendo-me de tormentos sobre o futuro que poderiam rasgar a beleza daquele momento. Todo o teu corpo tão próximo do meu, numa curta distância que nunca era o suficiente. Encostados à porta, os teus lábios pararam sobre os meus, o teu suspiro profundo caiu sobre mim e ali permaneceste durante segundos, provocando estragos nos meus sentimentos. Abri os olhos e ali fiquei a observar-te enquanto te afastavas de mim num pequeno movimento, e o teu olhar brilhava reflectindo a minha felicidade. Os meus lábios sorriam e as minhas mãos envolviam o teu rosto. Despedi-me num beijo como quem pede para ficar, mas aquele vício não me abandonou e, de algum modo, não consegui parar.

02 março, 2016

Saudade, um sentimento tão irónico. Mostra a magia do amor e a marca de uma felicidade distante, e ao mesmo tempo, é profundamente doloroso e deprimente.  A saudade que nos faz chorar, que nos mostra como a falta de alguém é tão intensa e triste, a saudade que faz os outros sorrir por saberem que são valorizados e amados. A saudade não se invoca, não finge, não se controla, não se evita. A saudade faz-se sentir no coração, faz-se pesar nos olhos e ainda assim é aceite por ser tão pura.